quinta-feira, 31 de maio de 2012





 Algumas pessoas me julgam boazinha. Outras me acham bobinha. Tudo isso pelo mesmo motivo: é que sei perdoar e logo,logo, estou abrindo um sorriso gostoso,  apesar de ter sido  traída, ultrajada, abandonada, tendo tudo isso magoado, profundamente, a minha alma. Como se enganam em seu julgamento! Nem boazinha nem bobinha… O que sou mesmo é inteligente: Afinal, ninguém merece que eu sofra por suas ofensas. E se não perdoo, sinto o peito arrebentar de tanta amargura e decepção. Quem sabe a pessoa, causa do meu sofrimento, já nem se lembre mais, que, um dia, tanto me ofendeu? Aí é que está: seguirá, com certeza, feliz da vida, fazendo mais vítimas, no seu caminho. E eu vou sofrer, por quê? Por ser uma coitadinha? Que  coitadinha , que nada! Vim ao mundo para ser feliz. Não para me deter  nestas mazelas da vida e me sucumbir de tanta tristeza.  Tenho mais o que fazer e a felicidade me espera. Agora, se alguém me perguntar se esqueci a ofensa, direi que não. Claro que não! Para isso tenho memória.Só que vejo todo aquele sofrimento (que durou menos de dois dias, com certeza ) já tão distante e insignificante, que não sinto mais doer o coração e nem sinto o menor resquício de raiva, ódio ou mágoa de ninguém.
 O maior de todos os mestres, o homem mais inteligente, que já pisou neste Planeta – Jesus Cristo – ensinou-nos a perdoar e a amar os  inimigos e até mesmo a orar por eles. Queria que fizéssemos uma média? Não. Foi por amor, por nos querer felizes, que nos ensinou o perdão e o amor incondicional. Se queremos ser felizes, temos que aprender d’Ele e com Ele como buscar a felicidade. É só tentar. Verão que vale a pena.
 Maria Alice Lima  Ferreira
Texto originalmente publicado no Portal Arte & Cultura  




"A Literatura, como todas as artes, é a confirmação de que a vida não basta." (Fernando Pessoa)




Amei...





terça-feira, 29 de maio de 2012





      

  Fotos de minha noite de autógrafos,  em 19/05/2012...





         Meu sobrinho, Totônio, entregando-me as flores, com um lindo cartão, enviado pelo seu mano José Jarbas Bittencourt Ferreira, que assim se fez representar, na impossibilidade de comparecer, pois estava longe.

                 Emerson Marcelo Machado, Secretário de Cultura explanando, no telão, a minha vida literária...
                                          Rita Lamim, professora da EEJBS e grande amiga...
                                                     Um grupo de familiares e amigos...
                                Maninha, doce criatura, amiga, que colaborou muito com o evento.
                                                              Um grupo de amigas...
                                                     Ideraldo, grande amigo e incentivador...

Alda, advogada, professora, arteterapeuta e amiga e Helder, Diretor da EEJBS e grande amigo.







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   Esta história está publicada, em dois idiomas - Português e Francês - no livro Histórias para Você Dormir 3, uma antologia organizada por Izabelle Valladares:


                    



                      Uma História para Luíza
                                          Maria Alice Lima Ferreira









  Luíza pediu-me:
  - Tia, conte-me uma história?
  Seus olhinhos da cor de jabuticabas maduras e no formato de duas  ameixas grandes, um tanto fechadinhos nos cantos, junto às têmporas e cobertos por cílios pretinhos, eram dois pedintes a implorar, na minha direção. Como podia recusar-lhe?
  - Sim. Conto. Mas, só se for uma história verdadeira.
  - Oba! Uma história verdadeira! Que bom tia!
  Dirigimo-nos para a varanda. Sentei-me numa cadeira de recosto curvado,  de ferro, entrelaçado por cordinhas de plástico azul escuro e ela posicionou a dela, idêntica à minha, de frente, um pouco para o meu lado esquerdo. Comecei a narrar:
  - Está vendo aquele morro lá?
  Ela virou-se para vê-lo:
  - Aquele, muito alto, tia?
  - É aquele mesmo. Pois bem, lá mora uma garotinha, que tem seis anos, da sua idade, então. O nome dela é Jolinha. Mas, a Jolinha não vai de carro pra escola não. O pai dela nem tem carro como o seu, que a leva todo dia e depois vai buscá-la, no fim das aulas. Jolinha desce a pé, o morro, com os coleguinhas dela, pra ir à escola e depois volta com eles.
  - E onde é a escola dela?



  - É embaixo, no pé do morro. O pai dela não tem tempo de levá-la à escola e nem a mãe dela. Os dois trabalham muito. Ele sai às 05:00h de casa e a mãe pega logo no batente: lava muita roupa de gente, que mora aqui, entre nós. Depois passa, coloca numas bolsas grandes e vai entregar às pessoas, que lhe pagam para isso. Coitada! Até que gostaria de buscar a filha na escola, mas precisa voltar pra casa rapidamente, pra preparar o jantar, tomar um banho e esperar por ela e o marido. Este só chega de volta do trabalho, depois que a Jolinha já está dormindo, porque trabalha muito longe e tem que pegar três ônibus, pra ir e três pra voltar. Ele é pedreiro, faz casa pra gente rica, mas a casa dele, onde mora a Jolinha, não é igual a sua não. É de tábuas e coberta de zinco, um material da cor do alumínio, mas muito inferior. Só quando a professora manda um bilhete, pedindo a presença dos pais, na escola, é que Dona Zuleika, a mãe da Jolinha deixa o serviço se acumular, se apronta toda, com um vestido de algodão verde, que ganhou de uma de suas patroas, bem justinho ao seu corpo magricela, pega o cabelo comprido e prende-o num coque, no alto da cabeça e desce o morro, para atender à professora, arrastando seus chinelos de couro. Quase sempre há uma reunião, que dizem ser de pais, mas na verdade é de mães, porque só elas conseguem ir. Este é o único dia, que Jolinha volta pra casa acompanhada pela mãe e segue radiante, feliz e orgulhosa da mãe que tem.
  - A Jolinha tem brinquedos, tia?
  - Iguais aos seus não. Mas, tem os que ganha de Papai Noel, todos os anos. Ela tem uma caixa grande, onde guarda todos eles.
  - Ah, então, Papai Noel vai a casa dela?
  Não. É ela que desce o morro, junto com toda a garotada de lá e, embaixo, entra na fila, ao meio-dia, hora que Papai Noel chega, pra entregar os presentinhos: bolas, petecas, carrinhos, bonequinhas, mas nada tão luxuoso quanto os brinquedos, que você ganha no Natal.
        


  - Ai , tia, estou ficando com pena da Jolinha. Ela tem o cabelo liso e grande, a pele da cor da minha e os dentes branquinhos? Tem?
   - Tem. Ela se parece muito com você, tem essa boca carnudinha e esse nariz delicado, que nem o seu.
   - Tia, me leva pra conhecer a Jolinha? Por que o pai dela é tão pobre?
  Respirei fundo. A história era verdadeira sim, à medida que se assemelhava à história de tantas crianças pobres. Mas, onde eu ia arranjar uma Jolinha verdadeira, pra minha sobrinha conhecer? Foi, então que tive a idéia:
   - Sabe, Júlia, Jolinha não é um nome verdadeiro. Eu inventei um nome, porque esqueci o dela. Mas, quando eu for levar você lá, perguntaremos o seu nome. O pai dela é pobre, porque não teve a mesma oportunidade que o seu, de cursar uma faculdade de Direito e trabalhar muito bem em sua profissão. Advogado ganha mais que pedreiro, você sabe, porém como o seu João, este é o nome do pai da personagem de nossa história, poderia cursar uma faculdade, se os seus pais eram pobres também e não podiam financiar nenhum curso, que lhe garantisse a matrícula, na faculdade? Naquele tempo, era tudo um pouco mais difícil que hoje: os ricos cursavam a faculdade gratuita, do governo, porque eram bem preparados em cursos pré-vestibulares excelentes e os pobres, se passassem no vestibular, tinham que se contentar com as particulares, caríssimas, que nem todos conseguiam pagar. Foi o caso do seu João. Mas, agora chega de história. Já escureceu. É hora de tomar banho, jantar, ver um pouco de TV e ir dormir, ok?



   - Sim, tia. Mas, quando eu for conhecer a Jolinha, a senhora me ajuda a fazer um embrulho de brinquedos, para  eu levar pra ela?
  - Ajudo sim, mas não vamos levar só pra ela não. Vamos encher o carro de muitos brinquedos e levar para todas as crianças de lá, está bem?
  E assim foi, que, numa tarde de domingo, Luíza e eu subimos o morro, até onde dava pra ir. O resto percorremos a pé e eu pedi ao presidente da Associação de Moradores, que nos ajudasse a subir com os embrulhos. E lá ela descobriu tantas Jolinhas e “Julinhos”, que se encantou em brincar com eles, rolando no chão de terra batida das ruas do morro, feliz, leve e solta, no meio de toda aquela garotada. Crianças se entendem, sejam de que nível social forem, pois elas deixam falar a alma e alma de criança é aquela que já tem lugar garantido no Paraíso. Aliás, no Céu só entram crianças: de dois, três, dez, vinte, quarenta, sessenta, noventa anos. O nº de anos vividos não importa, mas tem  que ser criança, se quiser ganhar o sonhado Paraíso.















 




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